Dom Orani: primeiro cardeal a entrar para a Academia Carioca de Letras

“É uma grande honra receber Dom Orani como acadêmico. Ele é o arcebispo do Rio, e nossa academia é carioca” – Claudio Murilo Leal, presidente

dom-orani-ricardo-cravo-albin-e--1024x734Por Carlos Moioli / ArquiRio

O arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, é o mais novo ‘imortal’ da Academia Carioca de Letras, que tem por objetivo a preservação da cultura da língua e da literatura nacional.

O monge paulista tomou posse durante cerimônia realizada no dia 28 de agosto, na sede da instituição, na Lapa, assumindo a cadeira número 10, patronímica de Joaquim Norberto, sucedendo à escritora Stella Leonardos, falecida no dia 11 de junho deste ano. É a primeira vez que um arcebispo e também cardeal integra a instituição, indicado pelo presidente de honra dela, Ricardo Cravo Albin.

“Chamei Dom Orani pela humildade e simplicidade, por sair às ruas e às paróquias para ir ao encontro dos pobres. Ele fez das tripas coração, fornecendo comida à população de rua, acarinhando os doentes e abençoando um a um os muitos miseráveis. E também por ser um estudioso do patrono da Academia Carioca, padre José de Anchieta”, disse Cravo Albin, que presidiu a cerimônia, depois de ser aberta pelo presidente da academia, Claudio Murilo Leal.

“É uma grande honra receber Dom Orani como acadêmico. Ele é o arcebispo do Rio, e nossa academia é carioca. Homem de cultura, tem todos os predicados para fazer parte da Academia Carioca de Letras”, disse o presidente Claudio Leal.

A mesa de honra foi composta ainda pela escritora Nélida Piñon, pelo vice-presidente Sergio Fonta e também pelo acadêmico Bernardo Cabral, que fez o discurso de recepção ao novo integrante da instituição, fundada no dia 8 de abril de 1926.

Estavam presentes o diretor do Departamento de Teologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), padre Waldecir Gonzaga, representando a reitoria da PUC-Rio, o cura da Catedral e coordenador arquidiocesano de pastoral, cônego Cláudio dos Santos, e o pároco da Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus, em Botafogo, cônego Abílio Soares de Vasconcelos. Entre as autoridades políticas estava o vice-governador Cláudio Castro.

Deferência

Depois de receber o colar e o diploma acadêmico, e assinar o livro de posse, Dom Orani discursou. Ele agradeceu por fazer parte do seleto grupo de intelectuais, destacando que sua eleição era uma deferência para com a Arquidiocese do Rio e uma grande honra para a Igreja Católica.

“Fazer parte desta academia é para mim uma oportunidade de continuar o diálogo da Igreja com a cultura, pois, juntamente com o diálogo ecumênico e inter-religioso, é importante trabalharmos juntos na conquista de grandes ideais de justiça e paz”, disse o arcebispo, que destacou a dedicação do historiador Joaquim Norberto e de sua predecessora, Stella Leonardos.

Patrono da academia

Dom Orani fez memória quando há quatro anos, no dia 27 de agosto de 2015, inaugurou e recebeu a Comenda da Ordem Padre José de Anchieta, patrono da academia, e que teve um papel importante na fundação da cidade do Rio de Janeiro. Relembrando o que discursou na época, destacou alguns aspectos da vida do missionário jesuíta – canonizado no dia 3 de abril de 2014 –, que soube perceber a cultura indígena nas suas peculiaridades e riquezas, procurando conhecê-la para anunciar o Evangelho.

“Isso é o que hoje chamamos de ‘inculturação’ – fecundar com a semente do Evangelho outras culturas e, ao mesmo tempo, delas aproveitar o que pode enriquecer a prática da fé. Era, portanto, uma postura de diálogo e respeito à pluralidade que já começava a caracterizar a nação brasileira no seu berço”, disse.

Construção da unidade

Dom Orani destacou ainda o lema: “Para que todos sejam um” (Jo 17, 21), que adotou na ordenação episcopal e faz dele a meta do seu pastoreio, afirmando que colocaria a serviço da academia, através do compromisso de fomentar o diálogo para a construção da unidade.

“Ao ser empossado como membro desta academia, sinto-me no dever de sugerir que, juntos, como presença cultural e acadêmica nesta cidade, possamos ajudar o nosso povo a dar passos na conquista de dias melhores, a fim de que tenhamos uma justiça social que garanta às pessoas uma vida com dignidade”, disse.

O arcebispo concluiu afirmando que diante de uma sociedade esfacelada e dividida, ele tem certeza de que os intelectuais da academia podem contribuir para a paz social com suas reflexões e suas presenças.

“Eu também me coloco como alguém que continuará à disposição da sociedade para construir a solidariedade e fraternidade. Em suma, não nos esquivemos de falar a linguagem do amor que, mesmo nas situações cotidianas, deve ser a fonte e a meta da nossa vida”, afirmou.

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