Carta de Frei Luiz Carlos sobre Frei Nemésio Bernardi

“…A morte será nossa última oração e o começo de nossa suprema ventura…” Frei Nemésio

“Paz e Bem!

Meus queridos irmãos! A irmã morte veio ao encontro de nosso querido Frei Nemésio e o levou para os braços do Pai que nos ama desde a eternidade. Sua vida foi sempre serviço aos irmãos da fraternidade e aos irmãos e irmãs que vinham a seu encontro em busca de consolo, alívio e carinho. Conseguia ouvir a todos com o coração, talvez por conseguir colocar o seu ouvido no coração de Cristo, seu Mestre e Senhor.

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A enfermidade que lhe causava dores o tempo todo foi por ele enfrentada, em alguns momentos com tranquilidade e em outros com aflição, própria do doente, sempre sob os cuidadosos olhares dos frades e, de modo especial, de Frei Aender Luiz de Souza e nos últimos meses de seu fiel enfermeiro Frei Nei da Costa Palmeiras.

Frei Nemésio Bernardi nasceu em Veranópolis, Rio Grande do Sul, no dia 09 de março de 1927. Filho de Adriano Bernardi e Filomena Zandoná Bernardi. O casal teve dezoito filhos, dos quais três faleceram algumas horas depois do nascimento e um morreu aos quatro anos de idade. Os demais quatorze filhos nasceram na seguinte ordem: Antônio João (Frei Fausto), Maria (Irmã Zenaide), Giuditha (Irmã Giuditha), José Bernardi (Frei Nemésio), Érica (Irmã Érica), Bernardetta Letícia (Irmã Bernadetta), Abramo, David (Frei Crispim), Assumpta (Irmã Assumpta), Afonso, Theresinha (Irmã Theresinha), Gema (Irmã Gema), Inez (Irmã Inez) e Luiza (Irmã Luiza). Dos quatorze filhos acima mencionados, apenas dois não foram religiosos (Abramo e Afonso). Dos doze filhos religiosos, três foram frades de nossa Ordem (Frei Fausto, Frei Nemésio e Frei Crispim).

Nosso querido irmão Frei Nemésio foi admitido ao Noviciado de nossa Ordem – Província do Rio Grande do Sul – no dia 06 de janeiro de 1944 e, no dia 06 de janeiro do seguinte, dia em que o Senhor manifestou a sua glória entre as nações, emitiu a profissão religiosa.

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A sua vida na Ordem foi cuidar do convento, da chácara, da cozinha, da portaria. Um dia lhe foi pedido que fosse para o Rio de Janeiro continuar esse serviço, dessa vez servindo aos irmãos no cuidado da hospedaria. Cuidava dos quartos, a fim de que seus confrades gaúchos que vinham se tratar ou resolver alguma coisa no Rio de Janeiro, então Capital da República, pudessem ter uma agradável estadia enquanto aqui permaneciam.

Mais tarde, vamos encontrá-lo não mais como hospedeiro do Convento, e sim cuidando de Frei Feliciano de Calaschibeta, dando assim continuidade ao exemplo do Bom Samaritano no cuidado das feridas e na distribuição do consolo.

Foi ordenado sacerdote no dia 23 de janeiro de 1984, em sua terra natal. Continuou sendo esse homem simples, verdadeiro frade menor capuchinho; e, por isso mesmo, continuamos a encontrá-lo nos serviços mais diversos dentro da fraternidade: ora limpando o refeitório, ora preparando o café da manhã e a mesa para as refeições, aos domingos preparando a refeição da noite para os seus irmãos, ora exercendo a função de carteiro, Guardião do Convento São Sebastião etc. Assim o nosso irmão foi vivendo a sua vida de consagrado e de ministério sacerdotal e envelhecendo com sabedoria. Ao fazerem a limpeza em seu quarto onde viveu por muitos anos aqui no Rio de Janeiro, os irmãos encontraram alguns de seus pensamentos sobre a velhice e a morte. Dizia ele:

“… Envelhecer, não bastam inteligência, estudos, aplicação e esforço.

Só mesmo quem viver pode sentir o sabor da vida…

O idoso está diante de uma encruzilhada: ou fica feliz com o que viveu e realizou, ou sente-se mal

com o fracasso, agora sem mais a possibilidade de retomar e refazer a vida….

…. A morte é um doce sono que nos faz acordar nos braços do Pai para os que o amam…. a morte propiciará o grande encontro com Deus e de todas as graças… a morte será nossa última oração e o começo de nossa suprema ventura…

A irmã morte veio visitá-lo ontem, dia 04 de fevereiro, por volta das 10 horas, proporcionando-lhe a possibilidade de realizar a sua última oração e começando a sua suprema ventura logo após as orações de Frei Vital Ronconi.

Após o velório, foi celebrada a Eucaristia presidida pelo Eminentíssimo Senhor Dom Orani João Cardeal Tempesta, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, e concelebrada por Dom Frei José Ubiratan Lopes, OFMCap, Bispo de Itaguaí-RJ, pelo Ministro Provincial Frei Luiz Carlos Siqueira, pelos seus irmãos da Fraternidade Provincial e alguns sacerdotes, diocesanos e Camilianos, e fiéis. Seu corpo foi sepultado no Cemitério São Francisco de Salles, Catumbi, com a presença dos frades e paroquianos.

Em conformidade com o nosso Projeto de Vida Fraterna, cada Fraternidade celebre uma missa

em sua intenção (cf. PVF nº 48, p.11).

Que o Pai compassivo o acolha no seu Reino e lhe conceda a paz eterna!

Que o Senhor toque em suas mãos para que elas construam um mundo mais fraterno!

Toque em sua existência para que ela seja dom!

E até que nos encontremos de novo, o Senhor conduza você na palma de sua mão! Amém

Com carinho.”

Rio de Janeiro, 05 de Fevereiro de 2016.

Frei Luiz Carlos Siqueira

Ministro Provincial

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